domingo, 17 de maio de 2009

No banheiro...

O banheiro do lugar também era muito arrumado. Tudo em seu devido lugar. E de muito bom gosto. Quadros, papeis, espelhos. A organização do local afastou, por alguns instantes, os pensamentos de Tavinho, que, definitivamente, não estava preparado para uma “porrada no estômago, logo no primeiro round. Ensaiou um xixi. Ficou ali por alguns minutos. Vontade nenhuma. Disfarçou. Percebeu que estava já algum tempo ocupando o mictório do concorrido banheiro e se envergonhou com a hipótese de alguém achar que ele era viado e estava aí passando o tempo, junto aos rapazes.
Pela cabeça, um turbilhão de coisas. E nada para dizer a Carol quando retornasse à mesa.
Lavou cuidadosamente o rosto diante de enorme espelho e chegou até a ensaiar umas falas.
– Você? Se você que é linda, educada, imagina eu.
– Você não pode estar falando sério. Todos os homens correm atrás, eu tenho certeza.
Reprovou todas. Isso o deixou ainda mais irritado. Tentou outra.
– Vai ver que é porque você é chata pra caralho, só olha para o próprio umbigo e não consegue perceber nada à sua volta.
Dessa ele até gostou, mas não teria coragem de falar. Não queria por tudo a perder. O jogo estava apenas começando e não seria um problema na saída de bola que comprometeria toda a partida. Pensou mesmo odiando futebol.
– Olha, o problema é que você é exigente demais – disse quando retornou à mesa – mas é natural. Você é muito exigente com suas coisas, com seu trabalho, seu desempenho em tudo. Se é assim consigo própria deve ser com seus casos também – concluiu.
– Ah, isso sou mesmo. Porque eu me cobro muito, tenho de cobrar de quem está comigo também. Não estou certa?
O pensamento de Otávio estava longe, em coisas sem importância, tal qual aquela conversa.
– Ahnn... claro. Está, está certíssima. Vamos pedir a comida?