quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Como assim?

“Por que eu não dou a menor sorte com homens?”. A pergunta pegou Otávio completamente de surpresa. Afinal aquela não era uma noite qualquer. Desde há dias ele tratou cuidadosamente de todos os detalhes. Otávio era daqueles homens que não deixam nenhum detalhe de fora. Mas que não costumam lidar bem com o improviso. Por isso precisou de um tempo para processar a pergunta.
– Como é que é? Não entendi?
Ela repetiu.
– Estou perguntando se você, que é meu amigo sabe me dizer por que raios eu não dou sorte com relacionamentos. Só arrumo bomba. E parece que tenho um pára-raios de roubada. Tu soube da última, não soube? Te contei, não?
Otávio concluiu que amigo da vez para ouvir suas lamentações acerca do universo masculino era ele próprio. Teve vontade de se levantar, mandar tomar no cu e ir embora. Não tinha planejado tudo tão minuciosamente para ouvi-la falar de outros. Levantou-se. Ameaçou sentar-se novamente. Pensou o que dizer.
Olhou bem para ela e falou:
– Vou ao banheiro.